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Quarta-Feira, 27 de novembro de 2024

Economia

Famílias desperdiçam mais de um salário mínimo por ano jogando comida no lixo

Famílias desperdiçam mais de um salário mínimo por ano jogando comida no lixo

(Imagem: Antonio Cruz/Agência Brasil)

Uma família brasileira de três pessoas desperdiça, em média, R$ 1.630 por ano jogando comida no lixo — mais de R$ 300 acima do salário mínimo, atualmente em R$ 1.320.

É o que mostra um levantamento da empresa de alimentos Hellmann's, feito com base em dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Em outra frente, a pesquisa também identificou que 8 em cada 10 brasileiros declararam ter jogado alimentos no lixo em julho deste ano.

Os hábitos e a desatenção dos consumidores estão entre os principais motivos para a perda de produtos. Quase metade dos entrevistados afirmaram, por exemplo, ter deixado ingredientes e sobras ainda em bom estado envelhecerem e estragarem na geladeira.

"Os dados deixam claro que ninguém quer jogar comida no lixo, mas reforçam alguns gatilhos que levam ao desperdício", diz o estudo. Entre eles, está o hábito de descartar alimentos nutritivos que apresentam imperfeições. "Outro é a correria do cotidiano: 21% dizem que gostariam de ser mais ativos contra o desperdício, mas não conseguem conciliar muitos esforços com a correria do dia a dia."

Veja os principais pontos da pesquisa:

  • Uma família brasileira desperdiça, em média, R$ 1.630 jogando alimentos no lixo;
  • 82% dos entrevistados declararam ter jogado alimentos fora em julho deste ano;
  • Desperdício se agrava quanto mais jovem e maior a renda;
  • Esquecer ingredientes na geladeira e jogar fora sobras de panelas e pratos após refeições são os principais motivos de desperdício;
  • Arroz, legumes e saladas são os principais alimentos perdidos;
  • Segunda-feira é o dia da semana mais propenso a perda de alimentos.

Classe social e faixa etária

A pesquisa reforça que as classes mais ricas (A e B) são as que mais desperdiçam: 89% dos entrevistados afirmaram ter jogado comida fora no último mês.

Na sequência, 80% dos brasileiros da classe C declararam a perda de alimentos no mês passado. Por último, nas classes mais baixas (D e E), 78% disseram ter desperdiçado no período.

O estudo também considerou a faixa etária dos entrevistados (acima de 18 anos). A conclusão foi que, quanto mais novos, maior o índice de desperdício:

  • de 18 a 25 anos - 85%;
  • de 30 a 49 anos - 82%;
  • acima de 50 anos - 77%.

Hábito e desatenção: os motivos dos descartes

O levantamento detalhou ainda os principais "erros" cometidos pelos entrevistados e que levam ao desperdício.

  • 44% descartaram alimentos que ficaram esquecidos na geladeira, sem vontade de utilizá-los;
  • 44% disseram ter descartado sobras de comida nas panelas e pratos após as refeições;
  • 38% jogaram fora alimentos por passarem o prazo de validade;
  • 8% declararam descartar por saber que não iriam consumir aquele alimento posteriormente;
  • 4% indicaram outros motivos.

Os alimentos mais descartados e a 'segunda-feira do desperdício'

De acordo com o levantamento, os itens mais desperdiçados são o arroz, os legumes e as saladas, apontados por 1 a cada 3 entrevistados. O ranking de descarte ficou assim:

  • arroz: 34,8%;
  • legumes: 33,6%;
  • saladas: 32,3%;
  • pães: 25,5%;
  • feijão: 25,4%;
  • lácteos: 21%;
  • molhos e condimentos: 17,1%;
  • refrigerante: 9,7%;
  • proteínas: 8,3%.

A pesquisa também revelou que as pessoas estão mais propensas a desperdiçar às segundas-feiras. Isso porque, segundo os brasileiros ouvidos, esse é o dia da semana em que há mais sobras de alimentos em casa. Em seguida, os dias de maior descarte são o domingo e a sexta-feira.

O levantamento, encomendado pela Hellmann’s à empresa de pesquisa de mercado Opinion Box, entrevistou 867 pessoas com mais de 18 anos, de todas as classes sociais e regiões do país, em julho deste ano.

Fome no Brasil e no mundo

Os dados contrastam com a fome no Brasil. Segundo um relatório publicado pela ONU em julho deste ano, 21 milhões de pessoas no país não têm o que comer todos os dias, 70,3 milhões enfrentam insegurança alimentar e 10 milhões são consideradas desnutridas.

Já no mundo, 735 milhões de pessoas (9,2% da população) não tiveram o que comer nos últimos três anos (de 2020 a 2022) — 122 milhões de pessoas a mais que 2019.

De acordo com o Programa Mundial de Alimentos (WFP), o mundo tem produzido o suficiente para alimentar toda a população mundial. São as políticas públicas eficazes, no entanto, que podem reverter essa realidade.

"Até o ano de 2030, muito tem que ser feito. Os países têm que pensar de uma forma unificada em modificar os sistemas alimentares e nutricionais para que a gente consiga atacar os problemas", disse Daniel Balan, representante da WFP e diretor do Centro de Excelência contra a Fome.

"Não é possível que nós aceitemos pessoas que não tenham comida, que estejam agora sem condições comprar um prato de comida para si e para a sua família”, concluiu.

*G1