Terça-Feira, 26 de novembro de 2024
Terça-Feira, 26 de novembro de 2024
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, revelou nesta sexta-feira (11/8) que levou um “puxão de orelha”, por ter apresentado a alternativa para o fim dos juros do cartão de crédito rotativo antes da proposta ser finalizada.
“A nossa ideia era fazer um plano onde passasse por ter um parcelamento, ou seja, não ter o rotativo, de tal forma que a gente conseguisse equilibrar os números para o produto. Não temos os detalhes, tomei um puxão de orelha depois que falei. Nos próximos dias vamos ter um formato mais decisivo”, disse, durante um fórum realizado pela Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná (Faciap).
O crédito rotativo é atualmente a modalidade mais cara do mercado, com juros que chegaram a 437,3% ao ano em junho. Ele é oferecido ao consumidor quando ele não faz o pagamento total da fatura do cartão até o vencimento.
Na véspera, em audiência pública no Senado, Campos Neto afirmou que o BC apresentaria uma solução em até 90 dias e que uma das alternativas avaliadas era encaminhar os devedores direto para o parcelamento da dívida, que teria taxas de juros menores, em torno de 9% ao mês — atualmente está em média em 15%.
"Colapso" na indústria
O chefe da autoridade monetária voltou a ressaltar os motivos da grande inadimplência da modalidade de crédito e disse que se nada for feito há um risco de “colapso” na indústria de cartões de crédito. “O rotativo começou a ter uma inadimplência alta, que fechou maio em 54%. Se você tem um produto com inadimplência em 54% você tem um problema no produto, porque não conheço nenhum outro país com uma inadimplência tão alta”, afirmou.
Ele voltou a mencionar que a inadimplência se deu devido a um grande aumento no número de cartões nos últimos anos e facilidades de crédito. “Precisamos entender que o problema foi gerado por uma concessão grande de cartões, por um parcelamento sem juros que aparentemente não tem custo, mas obviamente o custo é pago no final. Precisamos achar um equilíbrio para isso.”
*Correio Braziliense