Sexta-Feira, 29 de novembro de 2024
Sexta-Feira, 29 de novembro de 2024
O judô do Brasil encerrou neste sábado sua participação nas Olimpíadas de Paris 2024 com sua quarta medalha na competição. Após o ouro de Beatriz Silva, a prata de Willian Lima e o bronze de Larissa Pimenta, os brasileiros conquistaram o bronze na disputa por equipes, ao vencer a Itália por 4 a 3 no desempate. O triunfo também sacramentou a melhor campanha do país na modalidade em Jogos Olímpicos.
E foi chorado. A equipe verde-amarelo abriu 3 a 1, mas sofreu o empate com derrotas consecutivas em combates nos quais levava vantagem. Assim, a medalha seria definida em luta desempate, entre Rafaela Silva e Veronica Toniolo. A brasileira resolveu a disputa com um waza-ari - não pontuado inicialmente, mas concedido após revisão do VAR.
Também receberão medalhas Daniel Cargnin, Rafael Silva, Larissa Pimenta e Guilherme Schimidt, que integraram a equipe na competição por equipes. Rafael Silva, inclusive, se tornou o judoca mais velho da história a subir ao pódio, aos 37 anos.
A escalação da Itália surpreendeu pela ausência de Alice Bellandi, única medalhista de ouro da equipe em Paris, na categoria até 78kg. A opção foi por entrar com uma peso-pesado para não ter tamanha desvantagem contra Beatriz Souza, medalha de ouro na categoria. Mesmo sem Bellandi, os italianos se provaram um obstáculo duro, mas que o Brasil conseguiu superar.
O primeiro duelo foi no peso até 90kg. Rafael Macedo foi punido logo no início por uma pegada dentro da manga de Christian Parlati. Macedo levou uma segunda punição metade do duelo, e passou a ser mais agressivo, buscando entradas de queda. Isso levou ao primeiro shido contra o italiano, por falta de combatividade. O jogo foi ao Golden Score, e logo na primeira entrada, Macedo obteve um ippon para abrir 1 a 0 para o Brasil.
Em seguida, veio a luta no peso-pesado feminino (acima de 78kg), e a medalha de ouro Beatriz Souza não perdeu tempo: derrubou Asya Tavano para obter um waza-ari e a imobilizou por 10 segundos para avançar ao ippon. O Brasil abria uma boa vantagem de 2 a 0 no placar e colocava pressão sobre os italianos.
O próximo combate foi no peso-meio-pesado masculino (até 90kg). Leonardo Gonçalves foi agressivo contra Gennaro Pirelli e tentou pegar o adversário no jogo de chão. O italiano conseguiu se segurar nas duas primeiras tentativas e impedir a abertura de contagem. Em pé, o duelo era equilibrado, e o juiz evitava dar punições. Pirelli quase encaixou uma projeção nos segundos finais, mas Gonçalves defendeu bem. Ele sofreu um shido antes de o jogo ir ao golden score.
No período extra, o italiano por pouco não obteve a pontuação numa queda. Ele forçou a segunda punição contra o brasileiro por passividade, e Leonardo precisou atacar mais. Ele quase conseguiu um contragolpe e transitar para o jogo de chão, mas Gennaro escapou. Com 3min20s, o italiano enfim obteve um waza-ari para colocar sua equipe no placar.
Em seguida, veio o duelo até 57kg entre as mulheres, e Rafaela Silva enfrentou Veronica Toniolo. A italiana recebeu shido rapidamente por deixar a área de luta. A medalhista de ouro olímpica fez luta dura, e conseguiu um ippon após um contragolpe para o waza-ari e uma transição para a chave de braço, forçando a desistência de Toniolo, que saiu com o braço lesionado. Com 3 a 1, o Brasil só precisava de mais uma vitória para levar o bronze.
O primeiro "match point" estava nas mãos de Willian Lima, que enfrentou Manuel Lombardo no peso até 73kg. O duelo foi acelerado, com os dois se movimentando muito. O medalhista de prata foi muito ofensivo, buscando a projeção a todo momento. Com cerca de dois minutos restando, o árbitro deu um shido para Lombardo, que havia sofrido três entradas consecutivas do brasileiro sem responder. Lima seguiu imprimindo um ritmo forte, mas acabou levando um shido por uma entrada falsa.
O duelo foi ao Golden Score, mas Lombardo recebeu um segundo shido por passividade nos segundos finais do tempo regulamentar e estava pendurado. Com muita vontade, Willian acabou se desequilibrando e sofrendo um ippon, e a Itália diminuiu para 3 a 2.
A última luta era no peso até 70kg, e Ketleyn Quadros teria pela frente Savita Russo. A italiana tentou derrubar, mas Ketleyn transitou para uma imobilização e segurou por 17 segundos, suficiente para um waza-ari.
A brasileira seguiu buscando a queda, e Russo também era agressiva, necessitando a virada para manter a Itália viva. Nos segundos finais, após receber um shido por falso ataque, Ketleyn tentou levar ao solo, mas Savita conseguiu um contragolpe para o ippon e empatou o confronto.
O sorteio colocou o desempate nas mãos de Rafaela Silva na categoria até 57kg. Ela voltaria a enfrentar Veronica Toniolo. Rafa já começou emplacando uma queda que, inicialmente, não foi pontuada. A revisão apontou waza-ari. Vitória do Brasil, muito comemorada por toda a equipe.
O Brasil estreou no torneio com vitória por 4 a 2 sobre o Cazaquistão. Nas quartas de final, sofreu uma derrota para a Alemanha por 4 a 3 e caiu para a repescagem, quando superou a Sérvia por 4 a 1 para seguir à disputa do bronze.
A outras duas disputas por medalhas do dia no judô também foram definidas no desempate. A Alemanha ficou com o bronze ao derrotar a Coreia do Sul. Já na grande final, no encontro entre as duas principais potências do judô mundial, a anfitriã França levou a melhor sobre o Japão em uma virada emocionante, para a festa da torcida presente na arena e que incentivou cantando o hino nacional a pleno pulmões quando os japoneses abriram 3 a 1 - ficando a uma vitória do ouro.
Mas a França empatou, e roleta definiu a luta de desempate. Coube à lenda Teddy Riner, contra Tatsuro Saito (90kg+) fechar a disputa com um ippon, depois de mais de seis minutos de luta, para dar o bicampeonato à França por equipes, repetindo Tóquio 2021, também em cima do Japão.
Foi o quinto ouro em Olimpíadas (três no individual e dois por equipe) e a sétima medalha de Riner (tem também dois bronzes).
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