Fluminense volta a jogar bem, tem vitória convincente contra o Inter e volta ao G-4

Ainda está longe daquelas apresentações de gala como o 5 a 1 sobre o River Plate, o 4 a 1 na final do Carioca contra o Flamengo ou o 7 a 0 em cima do Volta Redonda. Mas mesmo jogando sem Ganso e Arias, dois titulares absolutos e destaques do time, o Fluminense botou o Inter na roda no primeiro tempo e só administrou a etapa final.

Para jogar sem seus dois principais armadores, Fernando Diniz mudou a formação e surpreendeu ao montar o time com dois centroavantes. O artilheiro Cano, obviamente, junto com Lelê. Se o Inter esperava marcar um ponta, bateu-cabeça ao ver o atacante atuando dentro da área.

Aqui vale abrir um parênteses: tecnicamente não foi uma boa atuação de Lelê, que errou passes, domínios e algumas jogadas. Mas o atacante foi importante taticamente dando mais presença de área (a bola do primeiro gol, por exemplo, foi cruzada tendo ele de referência) e dando também opções de ligação direta em velocidade (algo que Cano não consegue dar). E ainda voltava a todo momento para ajudar na marcação e dar combate na primeira linha.

Lelê se esgotou fisicamente no segundo tempo e quando já não tinha mais pernas errou lances que irritaram a torcida (Diniz poderia ter colocado John Kennedy bem mais cedo do que aos 43 minutos). Mas vale ter mais paciência com ele. Além da dificuldade natural para qualquer atleta que não fez categoria de base, ainda parece ser daqueles jogadores que sentem psicologicamente as vaias. E ele já mostrou em alguns jogos, como América-MG e Goiás, que pode ser muito útil. Fecha parênteses.

Com Lelê na área, Samuel Xavier e Lima (que flutuava dos dois lados) é que apareciam para explorar os espaços na ponta direita. Foi assim que saiu o primeiro gol, com o lateral pisando na área e batendo cruzado para servir o Cano, aos 24 minutos. Essa foi uma das quatro chances de gol que o Fluminense teve no ótimo primeiro tempo. As outras foram: o chute defendido de Keno aos cinco minutos, quando ele poderia ter feito o passe; a bomba de Marcelo após tabela com Lelê aos 38; e o gol de Martinelli no minuto seguinte, em jogada ensaiada de escanteio.

Defensivamente a equipe também esteve quase perfeita na etapa inicial e saiu para o intervalo sem sofrer sustos do Inter, que até então tinha dado só uma finalização. E aqui vale abrir um novo parênteses: a segurança na saída de bola com André (que não estava contra o São Paulo) é outra história. Como joga esse garoto! Fecha parênteses.

O segundo tempo tricolor foi muito mais burocrático, até pela pouca oxigenação de Diniz ao não usar as substituições. O Fluminense só levou perigo uma única vez, em enfiada de Keno para Lelê chegar batendo e parar no goleiro John, aos 24 minutos. Do outro lado, Mano Menezes mexeu, reorganizou o meio de campo e deixou o Inter mais perigoso, mas o Colorado só teve duas chances de gol: um chute de Rômulo da entrada da área por cima do travessão, aos 17; e a bicicleta de Alemão na trave aos 34.

Além da atuação convincente do primeiro tempo, há outros dois fatores a serem comemorados: primeiro, sem tomar sufoco, o Fluminense voltou a terminar um jogo sem sofrer gols depois de 11 partidas (a última vez havia sido no 0 a 0 no primeiro duelo das oitavas de final da Copa do Brasil contra o Flamengo); e segundo, o resultado dá uma certa paz para o início da "jornada dupla" de Diniz desde que assumiu paralelamente o comando da Seleção.