Terça-Feira, 30 de dezembro de 2025
Terça-Feira, 30 de dezembro de 2025
Tensões começaram em agosto, quando os EUA dobraram para US$ 50 milhões recompensa por prisão de Maduro. Nesta segunda-feira (29), Trump confirmou ataque em solo venezuelano.
Porta-aviões USS Gerald Ford, navio principal do grupo de ataque USS Gerald Ford da Marinha dos Estados Unidos. (Imagem: Alyssa Joy/Marinha dos Estados Unidos)
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou nesta segunda-feira (29) que forças americanas realizaram o primeiro ataque em território venezuelano desde o início da campanha de pressão contra o governo de Nicolás Maduro. O episódio representa mais um passo na escalada de tensões entre os dois países.
▶️ Contexto: A atual escalada começou em agosto, quando o governo norte-americano dobrou para US$ 50 milhões a recompensa por informações que levem à prisão ou condenação de Maduro. Pouco tempo depois, os Estados Unidos passaram a reforçar a presença militar no Caribe.
Ataque terrestre: A operação confirmada por Trump nesta segunda-feira ocorreu no dia 24 de dezembro. Segundo o presidente, forças americanas destruíram uma área portuária usada por narcotraficantes ao longo da costa da Venezuela.
Nos últimos meses, Trump já havia dito que os EUA poderiam realizar ataques contra infraestrutura do narcotráfico em território venezuelano, como parte da campanha contra cartéis na região.
Por outro lado, ao longo desse período, o governo da Venezuela tem classificado as ações de Trump como imperialistas e afirma que os EUA tentam tomar o controle do petróleo do país e derrubar o governo de Nicolás Maduro.
Veja abaixo os principais marcos da escalada de tensões entre Estados Unidos e Venezuela nos últimos quatro meses.
Trump e Maduro — Foto: AP Photo/Evan Vucci; Reuters/Leonardo Fernandez
Os Estados Unidos dobraram para US$ 50 milhões a recompensa por informações que levem à prisão ou condenação de Nicolás Maduro. Pouco depois, navios de guerra e um submarino nuclear foram enviados ao Mar do Caribe, marcando o início do reforço militar na região.
No dia 19 de agosto, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que o governo Trump usaria “toda a força” contra o regime venezuelano.
“Maduro não é um presidente legítimo. Ele é um fugitivo e chefe de um cartel narcoterrorista acusado nos EUA de tráfico de drogas. Trump está preparado para usar toda a força americana para deter o tráfico de drogas”, disse.
No dia 2, os Estados Unidos realizaram o primeiro ataque contra um barco supostamente carregado com drogas no Mar do Caribe. A partir desse episódio, ações em mar aberto se tornaram frequentes e passaram a ocorrer também no Oceano Pacífico.
No fim do mês, o governo da Venezuela decretou estado de exceção, concedendo poderes especiais ao presidente Nicolás Maduro em caso de “agressão” por parte dos Estados Unidos.
Trump anunciou ter autorizado operações da CIA na Venezuela relacionadas à campanha contra o narcotráfico e admitiu a possibilidade de ataques terrestres. Semanas depois, afirmou que havia alvos localizados em território venezuelano.
No mesmo período, a imprensa americana passou a reportar que o objetivo final da operação dos EUA no Caribe seria derrubar o governo Maduro, com base em relatos de autoridades americanas que falaram sob condição de anonimato.
No dia 15 de outubro, três bombardeiros B-52 fizeram um voo em uma região muito próxima da Venezuela. As aeronaves sobrevoaram a chamada “FIR” — sigla em inglês para Região de Informação de Voo.
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Porta-aviões USS Gerald Ford, navio principal do grupo de ataque USS Gerald Ford da Marinha dos Estados Unidos. — Foto: Alyssa Joy/Marinha dos Estados Unidos
No início do mês, o USS Gerald Ford, considerado o maior porta-aviões do mundo, chegou ao Mar do Caribe. A embarcação tem capacidade para transportar até 90 aeronaves, entre caças e helicópteros.
Ainda em novembro, Trump e Maduro conversaram por telefone, mas sem avanços. Segundo a imprensa americana, o presidente venezuelano resistiu a deixar o poder.
Dias depois da ligação, o governo dos Estados Unidos incluiu oficialmente o Cartel de los Soles na lista de organizações terroristas. O grupo é apontado pelas autoridades americanas como chefiado por Maduro.
EUA interceptam 2º petroleiro e aumentam pressão sobre Maduro — Foto: Reprodução
No dia 10, os Estados Unidos apreenderam uma embarcação que transportava petróleo venezuelano no Caribe. Seis dias depois, Trump afirmou que a Venezuela estava cercada e anunciou um bloqueio total de navios petroleiros alvos de sanções.
No dia 18 de dezembro, ao menos cinco caças F-18 dos EUA sobrevoaram uma área próxima a Caracas. Dois deles chegaram a ficar a menos de 100 quilômetros da capital venezuelana. O rastreamento indicou ainda a presença de outras duas aeronaves militares na região.
Nesta segunda-feira, no mesmo dia em que Trump confirmou o ataque em solo venezuelano, o Departamento de Guerra anunciou o 30º bombardeio contra barcos suspeitos de transportar drogas.
Ao todo, até agora, a operação norte-americana atingiu 31 embarcações e deixou 107 mortos, segundo dados divulgados pelo governo dos EUA.
*G1