Quarta-Feira, 12 de março de 2025
Quarta-Feira, 12 de março de 2025
O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, chamou as declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre um possível acordo nuclear com o governo iraniano de "enganação", nesta quarta-feira (12).
"Se quiséssemos produzir uma arma nuclear, os Estados Unidos não seriam capazes de impedir. Nós mesmos não queremos fazer isso".
Questionado em relação às ameaças militares feitas por Trump, o líder iraniano garantiu que o país irá retaliar em caso de ataque: "O Irã pode retaliar e, definitivamente, o fará".
O envio da carta havia sido anunciado por Trump na semana passada. No entanto, ele afirmou que o destinatário era o aiatolá Ali Khamenei e que o texto era uma proposta de negociações.
"Há duas maneiras de lidar com o Irã : militarmente ou você faz um acordo", ameaçou.
Após a declaração do republicano, Khamenei, que tem a palavra final em assuntos do Estado iraniano , respondeu prontamente que Teerã não seria intimidada a negociar com "demandas excessivas" e ameaças.
Nesta terça-feira (11), o presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, disse que não negociaria com ameaças pairando sobre sua cabeça e, segundo a mídia estatal iraniana, em um acesso de raiva, disse a Trump para "fazer o que diabos você quiser".
No final de fevereiro, o ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araqchi já havia afirmado que o Irã não iria sucumbir à pressão e às sanções impostas pelos Estados Unidos.
"A posição do Irã em relação às negociações nucleares é clara e não negociaremos sob pressão e sanções. Não há possibilidade de negociações diretas com os EUA enquanto a pressão máxima estiver sendo aplicada dessa forma", afirmou Araqchi.
Há um mês, o líder supremo do Irã falou que era necessário reforçar ainda mais o Exército do país, além de seus mísseis.
As declarações de Khamenei foram feitas enquanto o líder iraniano conferia as principais apostas no setor de Defesa em uma exposição em Teerã. Entre eles um "drone kamikaze" movido a jato - com imagens de um lançamento feito de um submarino exibidas pela primeira vez -, de acordo com a agência de notícias Tasnim.
"O progresso não deve ser interrompido, não podemos ficar satisfeitos. Digamos que definimos anteriormente um limite para a precisão de nossos mísseis... Agora sentimos que esse limite não é mais suficiente. Temos que seguir em frente. Hoje, nosso poder defensivo é bem conhecido, nossos inimigos têm medo disso. Isso é muito importante para nosso país", afirmou Khamenei nesta quarta.
Líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, confere inovações no setor de Defesa em Teerã — Foto: Gabinete do Líder Supremo Iraniano/WANA (West Asia News Agency)/Divulgação via REUTERS
Dias antes, ele havia aconselhado o governo a recusar qualquer negociação com EUA e o embaixador do país na ONU pediu que o Conselho de Segurança tomasse medidas contra o governo americanopor causa das ameaças do uso de força se o Irã se recusar a negociar seu programa nuclear.
O Irã garante que seu programa de mísseis balísticos é puramente defensivo, mas o arsenal é visto no Ocidente como um fator de risco.
E embora tenha negado por muito tempo suas ambições de armas nucleares, segundo o chefe da agência nuclear da ONU, o país está acelerando "dramaticamente" seu enriquecimento de urânio para 60% de pureza físsil, próximo ao nível de aproximadamente 90% para armas.
Teerã também anunciou, nos últimos meses, novas adições ao seu armamento convencional - como seu primeiro porta-aviões não tripulado e uma base naval subterrânea - e um acordo com a Rússia nas áreas de Defesa e Segurança.
*G1