Domingo, 02 de fevereiro de 2025
Domingo, 02 de fevereiro de 2025
Em Maceió, Brasil Alfabetizado é organizado pela Semed com apoio do Governo Federal
Os estudantes do Brasil Alfabetizado já aprenderam uma lição muito importante. Voltar a estudar na fase adulta com o objetivo de aprender a ler e a escrever é, para eles, a única oportunidade de recomeço. Além disso, significa cidadania e esperança de uma vida melhor.
Os alunos que voltaram à sala de aula para se alfabetizar tiveram as vidas impactadas por não frequentarem a escola no tempo regular, o que ocasionou diversas dificuldades cotidianas ao longo da vida.
Histórias de vida
É o caso de Maria Cícera da Conceição Silva, 55 anos. Quando mais nova, precisou cuidar dos pais que estavam acamados e por isso precisou abandonar os estudos. “Eu não tinha tempo para estudar, então depois que eles faleceram, eu voltei. O meu objetivo é seguir em frente e não parar, eu quero ser uma veterinária”, frisa a aluna que estuda no Sítio Barbosa, em Rio Novo, casada, mãe de dois filhos e seis netos.
A professora alfabetizadora Cícera do Nascimento ministra aulas no Sítio Barbosa, em Rio Novo, onde mora com a mãe de 84 anos. Para ela, o local de trabalho próximo da residência dos alunos e do alfabetizador é importante. “A comodidade facilita bastante, pois as aulas são próximas de casa e não precisamos pegar condução”, destaca.
José Noé, 44 anos, estuda no Centro de Referência Especializado para a População em Situação de Rua, conhecido como Centro Pop 3. “Quando eu vi essa oportunidade, voltei a estudar para aprender a escrever meu nome e aprender a ler. Já aprendi a escrever algumas letras. Gosto tanto das aulas de matemática quanto das aulas de português. Meu conselho é que todos que não aprenderam a ler e a escrever precisam voltar a estudar”, afirma.
Enaldo da Silva Lopes, 54 anos, trabalha com reciclagem desde os 9 anos de idade. Decidiu voltar a estudar e frequenta as aulas de alfabetização também no Centro Pop 3. “Teve um dia que precisei pegar um ônibus e achei horrível precisar perguntar, foi terrível. Foi quando vi essa oportunidade e resolvi voltar a estudar para aprender a ler e a escrever. Hoje me divido entre o trabalho e os estudos”, diz.
A professora Vagna Torres do Centro Pop 3 explica que as atividades acontecem todos os dias, das 9h às 11h30, com atividades de alfabetização e instruções de matemática e cidadania que visam a reinserção social. “Têm alunos que já escrevem, mesmo com as letrinhas mais grossas, ou faltando palavras, letras, mas eles já estão escrevendo. Eles perguntam, vão ao quadro e apresentam material que eles foram instruídos a fazer”, ressalta.
Redução do analfabetismo
Em Maceió, a Secretaria Municipal de Educação (Semed) é responsável em efetivar as ações do Brasil Alfabetizado. O programa é promovido pelo Ministério da Educação (MEC) e visa oferecer a alfabetização em espaços alternativos como em igrejas, sítios, associações, centros comunitários, por exemplo, com a finalidade de reduzir o analfabetismo no Brasil.
Os alfabetizadores voluntários recebem uma bolsa no valor de R$ 1.200 , paga pelo Governo Federal. O curso tem duração de 12 meses.
Em Maceió, a matrícula no programa pode ser feita na sede da Secretaria Municipal de Educação (Semed), localizada no bairro Cambona, ou nos espaços alternativos, como igrejas, associações e centros comunitários mais próximos às residências dos interessados.
“Nosso objetivo é reduzir o índice de analfabetismo em Maceió e garantir a continuidade e a escolaridade de jovens acima de 15 anos, bem como adultos e idosos. No Brasil Alfabetizado, o foco é a alfabetização e a continuidade na escolarização é com a Educação de Jovens, Adultos e Idosos”, pontua o técnico responsável pelo programa na Semed, Rubens Lima.
Em Maceió, algumas turmas do Brasil Alfabetizado tiveram as aulas iniciadas em dezembro de 2024, enquanto outras estão previstas para começar em fevereiro de 2025. “A pessoas que querem se alfabetizar podem procurar a Semed, como também tem pessoas que foram selecionadas para serem alfabetizadores e fazem a busca dos estudantes. Pode ainda procurar igrejas, associações, espaços alternativos que já têm turmas funcionando que estão com matrículas abertas ainda”, conclui Rubens.
Aulas do Brasil Alfabetizado em Maceió. Fotos: Ascom Semed
*Redação com Assessoria