Domingo, 23 de março de 2025
Domingo, 23 de março de 2025
Evento reafirma a memória do Quebra de Xangô e valoriza a cultura afro-brasileira
O bairro histórico de Jaraguá se encheu de fé, cores e tambores, na última sexta-feira (21), durante mais uma edição do Xangô Rezado Alto.
A festa foi marcada por cortejo, cânticos sagrados, oficinas e apresentações culturais, ao reunir religiosos, artistas e lideranças em um significativo ato de resistência e valorização das religiões de matriz africana.
O evento recorda o Quebra de Xangô de 1912, um dos episódios mais violentos contra os terreiros de Alagoas. Na época, líderes religiosos foram perseguidos e templos destruídos.
A edição do Xangô Rezado Alto de 2025 contou também com a celebração do Dia Internacional de Combate à Discriminação Racial e do Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé, instituído para dar visibilidade e reconhecimento às religiões de matriz africana no Brasil.
Realizado pela Prefeitura de Maceió, por meio da Fundação Municipal de Ação Cultural, a programação teve início com o tradicional cortejo dos religiosos. Eles percorreram a Rua Sá e Albuquerque, dizendo não à intolerância religiosa, ao som dos tambores dos maracatus e cânticos sagrados.
Na Praça Dois Leões, com muito ritmo, animação e axé, os grupos Orquestra de Tambores, Afoxé Odô Iyá, Samba de Roda K’Posú Betá, Banda Afro Oyámesan, Afoxé Igbale, Afoxé Ofá Omin, Afoxé Ojú Omin Omorewá e Igbonan Rocha agitaram o público presente.
Para o presidente da Fundação Municipal de Ação Cultural (FMAC), Myriel Neto, o Xangô Rezado Alto é mais do que um evento cultural, é um ato político de valorização da diversidade religiosa em Maceió.
“A cidade precisa reconhecer e respeitar a força das tradições afro-brasileiras. O Xangô Rezado Alto não é apenas uma celebração, mas um momento de reflexão, resistência e reafirmação da identidade de um povo que há séculos constrói a história de Maceió. Valorizar a cultura afro é nosso compromisso enquanto gestão”, destacou.
A coordenadora municipal de Igualdade Racial, Lucélia Silva, ressaltou o compromisso da campanha Maceió é Massa com Igualdade Racial com a promoção da equidade e do respeito às religiões de matriz africana.
“O Xangô Rezado Alto nos lembra que memória e reparação precisam caminhar juntas. Estamos trabalhando para que Maceió seja uma cidade mais inclusiva, onde todas as crenças tenham espaço e sejam respeitadas", afirmou.
Religiosos que participaram da organização do evento reforçaram a relevância da celebração. Para Mãe Graça de Alafim, a festa tem um papel essencial na manutenção da memória coletiva.
“O que aconteceu em 1912 não pode ser esquecido. Nossos ancestrais tiveram seus terreiros destruídos, mas nossa fé permaneceu. Hoje, estamos aqui para mostrar que o Xangô vive, que nossa cultura resiste e se fortalece. Estou muito feliz, o evento foi lindo, cheio de alegria e muito axé", declarou.
Com ampla participação popular e apoio institucional, o evento reafirmou seu papel como um dos mais importantes marcos culturais e religiosos da cidade.
Entre rezas, batuques e homenagens, o Xangô Rezado Alto segue fortalecendo as raízes da tradição afro-brasileira em Maceió.
*Redação com Assessoria