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Terça-Feira, 20 de maio de 2025

Política externa

Em meio ao tarifaço de Trump, Brasil tem mais de 1.600 oportunidades com Brics

Em meio ao tarifaço de Trump, Brasil tem mais de 1.600 oportunidades com Brics

(Imagem: Ricardo Stuckert/PR)

Estudo elaborado pela ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, aponta que o Brasil tem 1.601 oportunidades comerciais com os parceiros do Brics, do qual, além do Brasil, fazem parte Rússia, Índia, China e África do Sul. As eventuais negociações mercantis ocorrem em meio ao tarifaço promovido pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, inclusive contra nações do bloco econômico.

O momento é visto como oportuno para o aprofundamento das relações comerciais entre Brasil e os demais países do grupo. Desde esse sábado (10), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está na China, para ampliar as parcerias — o país é o principal destino das exportações brasileiras. Entre os produtos com mais potencial de venda para a nação asiática, segundo o governo brasileiro, estão proteína animal, café e itens de maior valor agregado, como alimentos industrializados e bioenergia.

 

Antes da China, Lula esteve na Rússia e afirmou que a relação com o país ainda é “deficitária” em termos comerciais, apesar de ter “grande potencial”. “Essa minha visita aqui é para estreitar e refazer com muito mais força a nossa construção de parceria estratégica. O Brasil tem interesses políticos, comerciais, culturais, científicos e tecnológicos com a Rússia. Por seu lado, a Rússia deve ter muitos interesses com o Brasil. Somos duas grandes nações, em continentes opostos, e nós temos a chance de, nesse momento histórico, a gente poder fazer com que a nossa relação comercial possa crescer muito”, avaliou.

Possibilidades

De acordo com o estudo da ApexBrasil, das 1.601 oportunidades comerciais com os parceiros iniciais do Brics, 582 são com a África do Sul, 400 com a China, 388 com a Índia e 231 com a Rússia. A pauta exportadora do Brasil para com o grupo consiste principalmente em commodities, com destaque para a soja, óleos brutos de petróleo, minério de ferro e carne bovina, representando 77% do total das negociações. Os chineses são os principais parceiros brasileiros, com participação de 28% em 2024. O segundo na lista é a Índia, com 1,56%.

A relação comercial entre Brasil e o Brics é superavitária para o lado brasileiro, ou seja, o país mais exporta que importa. Dados apontados no documento mostram que, em 2024, o Brasil exportou US$ 102,5 bilhões para as nações do bloco, enquanto importou US$ 82,1 bilhões. Dessa forma, o saldo foi de US$ 20,4 bilhões. O estudo aponta diversas áreas com foco no Brics: alimentos, bebidas e agronegócios, casa e construção, máquinas e equipamentos, moda, multissetorial e saúde.

Conheça, abaixo, as oportunidades para o mercado brasileiro:

  • Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados: US$ 560 bilhões em importação, cuja participação brasileira é de 3,8%
  • Matérias em bruto, não comestíveis, exceto combustíveis: US$ 354 bilhões em importação, cuja participação brasileira é de 21%
  • Artigos manufaturados, classificados principalmente pelo material: US$ 84 bilhões em importação total, cuja participação brasileira é de 3,4%
  • Produtos alimentícios e animais vivos: US$ 52 bilhões em importação total, cuja participação brasileira é de 26%
  • Outros: US$ 142 bilhões em importação total, cuja participação brasileira é de 0,5%

No ano passado, os principais estados exportados para os países do Brics foram: São Paulo para a África do Sul (44,8%), São Paulo para a Índia (30,1%), Minas Gerais para a Rússia (19,2%) e Rio de Janeiro para a China (17,8%). Ainda segundo o estudo, os Estados Unidos e Taiwan são os principais concorrentes do Brasil nas exportações para os Brics. O país comandado por Trump compete com os exportadores brasileiros nas vendas de soja, em que o Brasil é líder global.

Já as importações brasileiras originárias da Rússia, Índia, China e África do Sul são desconcentradas. O estudo destaca que os principais produtos tiveram participações lideradas por óleos combustíveis de petróleo (8,2%), adubos ou fertilizantes (6,9%) e válvulas e tubos termiônicos (5,5%). Os Estados Unidos e a Alemanha são os principais concorrentes dos exportados do Brics no mercado brasileiro. “Além disso, os EUA concorrem com os países do bloco no principal grupo importado pelo Brasil em 2024: os óleos combustíveis”, diz.

Veja os 10 principais grupos de produtos exportados pelo Brasil para países do Brics, em 2024:

  1. Soja: US$ 32 bilhões, sendo o principal destino a China
  2. Óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos, crus: US$ 21 bilhões, sendo o principal destino a China
  3. Minério de ferro e seus concentrados: US$ 19 bilhões, sendo o principal destino a China
  4. Carne bovina fresca, refrigerada ou congelada: US$ 6 bilhões, sendo o principal destino a China
  5. Celulose: US$ 4,6 bilhões, sendo o principal destino a China
  6. Açúcares e melaços: US$ 3,2 bilhões, sendo o principal destino a China
  7. Algodão em bruto: US$ 1,9 bilhão, sendo o principal destino a China
  8. Carnes de aves e suas miudezas comestíveis, frescas, refrigeradas ou congeladas: US$ 1,6 bilhão, sendo o principal destino a China
  9. Ferro-gusa, spiegel, ferro-esponja, grânulos e pó de ferro ou aço e ferro-ligas: US$ 1,3 bilhão, sendo o principal destino a China
  10. Gorduras e óleos vegetais, “soft”, bruto, refinado ou fracionado: US$ 0,9 milhão, sendo o principal destino a China
  11. Outros: US$ 9,6 bilhões, sendo o principal destino a China

Tarifaço de Trump

Logo no início do segundo mandato, em janeiro, Trump impôs tarifas comerciais para diversas nações, com destaque para a China, cujos produtos importados pelos EUA foram taxados em 145%. As ações do republicano desencadearam uma guerra comercial, especialmente com o país asiático.

Na última quarta-feira (7), Trump descartou rever as tarifas impostas à China. “Não estou aberto a retirar tarifas de 145% da China. Não estamos buscando tantas isenções tarifárias”, declarou, em evento na Casa Branca, em relação a possíveis exceções à política tarifária.

Na sexta (9), em agenda com o presidente Vladimir Putin, na Rússia, Lula comentou a postura do norte-americano. “A taxação de comércio com todos os países do mundo, de forma unilateral, joga por terra a grande ideia do livre comércio, o multilateralismo e, muitas vezes, o respeito à soberania dos países que nós temos que ter”, declarou.

*R7

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