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Segunda-Feira, 20 de janeiro de 2025

Política

Em momento delicado, Lula reúne ministros hoje para fazer balanço

Em momento delicado, Lula reúne ministros hoje para fazer balanço

(Imagem: MATEUS MELLO/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comandará nesta segunda-feira (20), em Brasília, a primeira reunião ministerial deste ano.

O encontro, que marca o início da segunda metade do governo, acontecerá na Granja do Torto, residência de campo da Presidência da República.

Geralmente, nesse tipo de reunião, o presidente abre o encontro fazendo um balanço do que foi feito e o que ele espera das áreas — o discurso de Lula costuma ser transmitido ao vivo.

Após a fala do presidente, os ministros discursam e apresentam um balanço específico de suas pastas e as principais ações previstas para os meses seguintes.

reunião ministerial desta segunda acontece em um momento considerado por analistas como delicado para o governo.

Isso porque, na semana passada, o governo recuou em relação à fiscalização de movimentações financeiras em razão de diversas críticas e "fake news" envolvendo o PIX (leia mais abaixo).

Reforma ministerial

 

Além disso, a reunião ministerial acontece num momento em que aliados do governo no Congresso Nacional cobram mudanças no primeiro escalão, buscando dar mais espaço a integrantes de partidos que sustentam o governo no Legislativo.

Oficialmente, a única troca anunciada até agora foi na Secretaria de Comunicação Social (Secom), onde o publicitário Sidônio Palmeira — que atuou na campanha de Lula em 2022 — assumiu como ministro no lugar de Paulo Pimenta (PT-RS).

Segundo aliados de Lula, há cobranças também por trocas em ministérios com gabinete no Palácio do Planalto (Secretaria-Geral e Secretaria de Relações Institucionais), além de pastas como Saúde, Mulheres e Justiça.

Em entrevista à GloboNews, no último dia 9 de dezembro, o ministro da Casa Civil, Rui Costaafirmou que o presidente poderia fazer mais trocas antes da reunião ministerial. No entanto, não houve mais anúncios por parte de Lula.

Desafios de Lula

 

O ano de 2025 se inicia com diversos desafios para o governo do presidente Lula na área econômica, na política externa, na relação com o Congresso e no meio ambiente.

Veja abaixo alguns exemplos:

  • melhorar a relação com o mercado financeiro (o presidente costuma criticar as projeções do mercado em relação à economia brasileira);
  • costurar alianças para as eleições de 2026;
  • melhorar a relação com o Congresso (Câmara e Senado terão novos presidentes neste ano);
  • aumentar a participação da União em ações de segurança pública nos estados (governadores de oposição têm se manifestado contrariamente);
  • viabilizar a COP 30 em Belém, uma vitrine para o Brasil se projetar no mundo como autoridade em preservação ambiental, transição energética e desenvolvimento sustentável.
 

Polêmica do PIX

 

No dia 1º de janeiro entrou em vigor uma norma da Receita Federal, que ampliava as regras de fiscalização sobre transações financeiras.

A norma estabelecia um monitoramento de movimentações acima de R$ 5 mil por mês, no caso de pessoas físicas, e R$ 15 mil mensais, no caso de pessoas jurídicas, incluindo gastos no cartão de crédito e movimentações via PIX.

As novas regras tinham como objetivo combater a sonegação fiscal, mas o governo recuou e desistiu da medida diante uma onda de fake news e críticas da oposição.

Entre as notícias falsas se espalhou a tese de que o PIX seria taxado, a grande repercussão negativa nas redes sociais levou o presidente Lula a divulgar um vídeo esclarecendo que a medida não taxava a modalidade de pagamento.

Contudo, a comunicação do governo não conseguiu reverter o cenário negativo, tanto com relação a percepção da população, tanto com os ataques da oposição.

Assim, a equipe econômica do governo decidiu que o único caminho seria revogar o ato que ampliou as normas de fiscalização sobre o PIX, e publicar uma medida provisória para garantir que transações via PIX não possam ser tributadas.

Cenário econômico

 

O ano de 2025 já começa com desafios para Lula no cenário econômico.

A taxa básica de juros da economia, a Selic, por exemplo, está em 12,25% ao ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central já sinalizou em ata que deverá aumentar em um ponto percentual a Selic nas duas próximas reuniões, isto é, o cenário já indica a Selic em 14,25% ao ano.

O próprio presidente tem dito em seus discursos que a alta dos juros impacta negativamente o crescimento econômico e inibe investimentos.

Além disso, a inflação fechou o ano de 2024 com alta de 4,83%, acima do teto da meta. Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta para o ano era de 3% e seria considerada formalmente cumprida se ficasse em um intervalo entre 1,5% e 4,5%, o que não aconteceu.

Em meio a esse cenário, o dólar tem se mantido acima de R$ 6, o que gera impacto direto nos preços de produtos importados e produtos nacionais que têm importados em sua composição.

Além disso, a alta do dólar pode impactar diretamente alguns produtos e itens, como passagens aéreas, combustíveis e eletrônicos.

Paralelamente a isso, o governo quer aprovar neste ano no Congresso Nacional uma proposta que isente do imposto de renda pessoas que ganhem até R$ 5 mil, promessa de campanha de Lula feita em 2022 que, se aprovada, só passará a valer em 2026, último ano de mandato do petista.

*G1