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Terça-Feira, 26 de novembro de 2024

Política

Espionagem da Abin no governo Bolsonaro atingiu Arthur Lira, presidente da Câmara, diz PF

Espionagem da Abin no governo Bolsonaro atingiu Arthur Lira, presidente da Câmara, diz PF

(Imagem: WILTON JUNIOR)

O suposto esquema de espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) na gestão de Jair Bolsonaro (PL) atingiu o atual presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), um aliado do ex-presidente da República.

A lista de supostas vítimas da espionagem ilegal inclui, ainda, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), um adversário ferrenho de Bolsonaro e de Lira, além de outros parlamentares, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e jornalistas.

Nesta quinta-feira (11), a Polícia Federal foi às ruas para cumprir cinco mandados de prisão preventiva e sete de busca e apreensão em uma nova fase da operação Última Milha. Desde 2023, a operação investiga o possível uso ilegal de sistemas da Abin para espionar autoridades e desafetos políticos no governo Jair Bolsonaro.

Nesta nova fase, a apuração está robustecida por dados encontrados nos aparelhos celulares de ex-integrantes do órgão, que falam, inclusive, em usar monitoramento ilegal para "explodir" adversários.

As investigações evidenciaram a ocorrência de inúmeras ações clandestinas no período entre 2019 até 2022 e indicaram que os recursos humanos e técnicos empregados pela estrutura paralela valiam-se de sistemas oficiais e clandestinos.

Os investigadores chegaram até o nome de Lira após conversas entre os investigados Giancarlo Gomes Rodrigues e Marcelo Bormevet. "O militar Giancarlo destaca ao superior Bormevet que a ação de estirpe delituosa já teria sido realizada em relação a 'Lira' e ao 'pessoal do Renan'", revela o documento da decisão.

Os diálogos não detalham, entretanto, em que período exato foi feito o monitoramento ilegal de Lira, nem as motivações.

Rodrigo Maia monitorado

 

A PF confirmou, por exemplo, que o ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia, teve sua movimentação monitorada pelos ex-integrantes da Abin. O monitoramento ilegal de Rodrigo Maia teria sido feito por ordem de Alexandre Ramagem, ex-chefe da Abin na gestão Bolsonaro.

Ao blog, Maia disse que a espionagem foi um "ato totalitário e criminoso".

Além dele, os diálogos revelam espionagem de escritórios de advocacia, deputados, senadores e adversários políticos de integrantes do governo que atuavam na Esplanada dos Ministérios. A lista de monitorados inclui deputados e senadores do PP, MDB e lulistas.

Ações ilegais contra membros do Judiciário

 

A investigação da PF ainda mostrou diálogos entre os investigados indicando possíveis ações clandestinas contra os ministros do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, Roberto BarrosoDias Toffoli Luiz Fuz, "com o escopo de questionar a credibilidade do sistema eleitoral", diz a decisão que autorizou a operação desta quinta.

Os mandados de prisão estão sendo cumpridos em cinco estados e no Distrito Federal. Há também sete mandados de busca e apreensão.

Conforme as investigações da Polícia Federal, foram monitoradas as seguintes autoridades, servidores e jornalistas:

  • Poder Judiciário: ministros do STF Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Luis Roberto Barroso e Luiz Fux.
  • Poder Legislativo: o atual presidente da Câmara, Arthur Lira, o deputado Kim Kataguiri e os ex-deputados Rodrigo Maia, que foi presidente da Câmara, e Joice Hasselmann. E os senadores: Alessandro Vieira, Omar Aziz, Renan Calheiros e Randolfe Rodrigues, que integravam a CPI da Covid no Senado.
  • Poder Executivo: João Doria, ex-governador de São Paulo, e os servidores do Ibama Hugo Ferreira Netto Loss e Roberto Cabral Borges, os auditores da Receita Federal Christiano José Paes Leme Botelho, Cleber Homen da Silva e José Pereira de Barros Neto.
  • Jornalistas: Monica Bergamo, Vera Magalhães, Luiza Alves Bandeira e Pedro Cesar Batista.
*G1/Blog da Daniela Lima