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Segunda-Feira, 15 de dezembro de 2025

Política

Flávio tenta consolidar apoio enquanto partidos discutem se ele será nome da direita para 2026

Definição do representante do campo conservador tem provocado resistências internas após senador ser anunciado como pré-candidato

Flávio tenta consolidar apoio enquanto partidos discutem se ele será nome da direita para 2026

(Imagem: Wilton Junior/Estadão Conteúdo)

A movimentação em torno do nome do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) como possível candidato da direita à Presidência em 2026 envolve fatores que vão além do aval do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, preso desde o fim de novembro. A definição do representante do campo conservador tem provocado resistências internas e exposto disputas entre partidos, lideranças e projetos distintos.

Mesmo com setores do PL empenhados em fortalecer o senador como opção competitiva, dirigentes do centrão indicaram que a escolha não será definida por um único grupo.

 

O presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), defendeu publicamente uma decisão construída de forma ampla, sem exclusividade para o partido de Flávio e do pai.

“Se eu tivesse que escolher pessoalmente um candidato para suceder o Bolsonaro, seria o Flavio, pela minha proximidade, mas política não faz só com amizade, faz com pesquisa, viabilidade, ouvindo partidos aliados, e não pode ser uma decisão só do PL”, afirmou Ciro nessa segunda-feira (8).

 

O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), declarou que ainda haverá um encontro da bancada com Flávio para a “conversa formal” sobre a pré-candidatura, reunião que, segundo ele, segue pendente.

“O Jair sentiu-se abandonado pelo centro. O [lançamento] do Flávio [ao Palácio do Planalto] foi uma sacada de mestre e um teste de lealdade. Nós do PL não abandonaremos o ex-presidente”, afirmou o deputado.

Alternativas

Enquanto isso, outras figuras influentes da direita continuam impulsionando alternativas. A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) mantém defesa ativa do nome de Michelle Bolsonaro como possível candidata, evidenciando divisão sobre o melhor rumo eleitoral.

“Eu tenho um líder. E o meu líder é Jair Messias Bolsonaro. E será exatamente como Jair Messias Bolsonaro desejar e decidir. Amigo, agora a decisão também é sua. E pode contar comigo. A decisão de Jair Messias Bolsonaro é a melhor para o Brasil”, afirma Damares Alves.

 

O cenário ganhou tensão adicional após Flávio afirmar em entrevista exclusiva à RECORD que o debate sobre sua candidatura poderia envolver negociações relacionadas a uma eventual anistia ao ex-presidente.

A fala repercutiu de forma negativa nas redes sociais e provocou reações entre apoiadores, que expressaram desconforto com a possibilidade de vincular o projeto eleitoral à situação jurídica de Jair Bolsonaro.

No governo federal, a postura tem sido evitar manifestações oficiais. Nos bastidores, integrantes da base petista sustentam que a articulação da direita estaria concentrada em “salvar a pele” do ex-presidente, sem apresentar proposta sólida para o país.

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), chegou a chamar Flávio Bolsonaro de “piada” ao comentar a declaração envolvendo anistia.

“Enquanto o mundo lembra líderes que tinham sonhos, o senador admite que tem preço. É esse o nível que querem vender ao país. Vergonhoso”, afirmou o deputado.

Desunião

Na avaliação do cientista político da UnB (Universidade de Brasília) Murilo Medeiros, os rumos da direita para 2026 estão em plena mutação. Segundo ele, sem o polo gravitacional que Bolsonaro exercia, o campo conservador tende a fragmentar-se em múltiplas pré-candidaturas.

“A desunião interna aumenta a encruzilhada da direita, que hoje opera em duas vertentes: uma base militante que admite sacrificar a estratégia presidencial para preservar a hegemonia interna do clã Bolsonaro. E uma corrente de lideranças, ancorada nos governadores e nos partidos conservadores, que busca uma candidatura com maior capacidade de vitória”, comenta.

Para Medeiros, com Bolsonaro fragilizado e Flávio ainda em teste, emerge uma “janela rara para construção de uma alternativa liberal-conservadora capaz de atrair o eleitor antipetista sem carregar o peso da radicalização”.

“Os partidos de centro-direita, com estrutura financeira e capilaridade regional, começam a enxergar o cenário como oportunidade. Quanto mais prolongado for o impasse interno da direita, maior será o espaço para candidaturas alternativas.”

*R7/Brasília