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Quarta-Feira, 27 de novembro de 2024

Política

Relator do Projeto de Lei que pretende regular IA diz que sofre pressão

Relator do Projeto de Lei que pretende regular IA diz que sofre pressão

(Imagem: Alex Knight/Unsplash)

Diante da forte resistência das big techs, que se opõem à regulamentação da inteligência artificial (IA) no Brasil nos termos do PL (Projeto de Lei) 2.338 de 2023, o relator Eduardo Gomes (PL-TO) afirmou que “não será um setor ou outro” que determinará o seu relatório final.

Segundo ele, o país é soberano para testar a sua própria regulação. “É natural [haver pressão], mas não o suficiente para parar de trabalhar. Quando se tem um projeto dessa importância, alguns setores se movimentam e isso é legítimo. O que não é legítimo é lutar para se estabelecer um ambiente que prejudique a todos“, disse o relator ao Poder360.

relatório, que vem sendo construído desde agosto de 2023, deve ser votado na próxima 3ª feira (9.jul.2024) em comissão temporária do Senado. A aliados, o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), já manifestou a intenção de levá-lo a plenário antes do recesso, ou seja, até 17 de julho.

Ao todo, foram apresentadas 129 emendas, das quais apenas 21 foram acatadas totalmente e 20 parcialmente. Mais de 60 foram rejeitadas por recomendação de Gomes.

O relator aceitou, por exemplo, trechos para tornar obrigatória a sinalização de que um conteúdo audiovisual foi alterado por inteligência artificial.

Ele diz acreditar que o texto que sairá da comissão deve sofrer modificações dos senadores e dos deputados e que a tramitação será uma “saga”. 

ASSOCIAÇÃO RESISTE AO TEXTO

A Abria (Associação Brasileira de Inteligência Artificial) já manifestou publicamente sua desaprovação ao texto. Afirmou em carta que o PL “não está maduro o suficiente para votação”.

Ao Poder360, o diretor da associação, Valter Wolf, declarou que alguns pontos específicos do PL geram preocupações em relação à possível interferência no desenvolvimento da IA no Brasil, principalmente por não conversarem com o lado técnico-científico”.

A fala de Wolf vai ao encontro do que declarou o senador Marcos Pontes (PL-SP) a este jornal digital. Para o congressista, o texto original só trata de direitos e proteção humana, mas ignora a dimensão tecnológica da IA.

Segundo ele, a tentativa de regular a tecnologia é ineficaz. “É contraproducente para o desenvolvimento tecnológico. Estamos falando de um projeto que pode se tornar obsoleto em 5 anos”, disse o senador.

Algumas emendas de Marcos Pontes, rejeitadas pelo relator, possuem textos idênticos às emendas propostas pelo seu correligionário, Marcos Rogério (PL-RO). A emenda 62 de Pontes, por exemplo, possui o mesmo teor da emenda 79 de Rogério.

Ambas afirmam que a “proposta pretende regular a tecnologia em si e não as aplicações em si”, o que pode vir a desestimular os investimentos e as inovações tecnológicas no país. Foram descartadas pelo relator em seu voto.

Outra “coincidência” são as emendas 67 e 74, que pediam a retirada de um trecho que determinava a criação de um encarregado que servisse como canal de comunicação entre os agentes de inteligência artificial e pessoas afetadas por elas, além de autoridades competentes. Mesmo as justificativas das emendas são idênticas.

De acordo com os congressistas, a figura do “encarregado” já existe na LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), mas o desenvolvimento e uso da IA pelas empresas é “totalmente diferente da adequação à LGPD”. Novamente, os trechos são iguais.

Para Eduardo Gomes, a ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados), criada em 2019, precisará ser “repotencializada” com a aprovação da lei.

Mas tivemos o cuidado de colocar a regulação principal da IA sob a responsabilidade de agências que já existem há muitos anos nos setores regulados”, disse.

*Poder360