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Terça-Feira, 26 de novembro de 2024

Saúde

Câncer de pênis: Brasil registra mais de 650 amputações do membro em 2023

Câncer de pênis: Brasil registra mais de 650 amputações do membro em 2023

(Imagem: Getty Images via BBC)

Em 2023, o Brasil registrou 651 amputações – totais e parciais – de pênis e 454 óbitos em decorrência do câncer de pênis. No Dia Mundial de Combate ao Câncer, neste domingo (4), os dados do Ministério da Saúde e da Sociedade Brasileira de Urologia alertam para a necessidade do diagnóstico rápido da doença, segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Urologia do Distrito Federal, o médico Fransber Rodrigues.

"Os homens [e pessoas com pênis] não procuram o médico no início do quadro. [...] É muito comum o câncer de pênis chegar em estágio avançado, pois têm vergonha, não mostram para ninguém. Chegam com infecção secundária, mau odor. Eles acham que vão melhorar e ficam dois, três, quatro meses sem buscar atendimento", diz o urologista.

O Brasil é considerado um país com alta incidência de câncer de pênis. Apenas no Distrito Federal, em 2023, a Secretaria de Saúde registrou oito amputações do órgão na rede pública e quatro mortes. Uma das principais formas de prevenir a doença é a higiene diária (saiba mais abaixo).

Sinais de alerta e diagnóstico precoce

De acordo com o médico Fransber Rodrigues, há alguns sinais de alerta que podem ser identificados:

  • Mancha, ferida, rugosidade, tumor ou úlcera na glande (cabeça do pênis), na pele que cobre a cabeça do pênis ou no corpo do pênis
  • Secreção branca (esmegma)
  • Aumento anormal, mudança de cor da pele do pênis ou prepúcio (tecido da cabeça do pênis)
"O câncer de pênis começa no exterior, sempre se inicia no exterior, que é onde tem agressão pela má higienepelo [papilomavírus humano] HPV. Ele começa como rugosidade que não melhora e vai piorando, como uma mancha que não melhora e, principalmente, feridas que não cicatrizam”, explica o urologista.

Se houver algum dos sinais descritos acima, o especialista aponta que é preciso buscar atendimento médico. "O diagnóstico precoce do câncer de pênis é essencial para melhores resultados no tratamento da doença e evitar a amputação total do pênis, que traz consequências físicas, sexuais e psicológicas", diz Fransber Rodrigues.

Como prevenir o câncer de pênis?

Para prevenir o câncer de pênis, a regra é básica, segundo o urologista Fransber Rodrigues: lavar diariamente com água e sabão. Além disso, sempre que houver relações sexuais e masturbação, a recomendação é lavar logo depois.

Para os pacientes com fimose – o estreitamento anormal do prepúcio (pele que recobre o final do pênis), impedindo ou dificultando a exposição da glande (cabeça do pênis) – o médico recomenda a operação da fimose. "Por ser um dificultador da higienização do pênis, há chances de contrair o câncer", diz o urologista.

utilização do preservativo e a vacinação contra o HPV são medidas que previnem a contaminação pelo papilomavírus humano HPV, que é um fator de risco para o câncer de pênis.

Fatores de risco para câncer de pênis

  • Má higiene
  • Fimose
  • Infecção por HPV
  • Tabagismo

Como é o tratamento do câncer de pênis?

Os possíveis tratamentos, de acordo com o Ministério da Saúde, variam de caso a caso, mas consistem na remoção cirúrgica da lesão ou tumor no pênis, radioterapia ou quimioterapia. A forma que o tratamento será desenvolvido varia de acordo com a extensão do tumor.

"O que vai definir é o local e o tamanho da lesão. Lesões pequenas no prepúcio, tira a pele do prepúcio e acabou. Na glande, pode tirar parte da glande. Lesões não tão avançadas, pode fazer amputações parciais, amputa só a glande. Casos avançados, amputação total. A maioria dos pacientes é amputação parcial, mas mesmo ela, é uma cirurgia mutilante, é uma doença mutilante”, diz o médico.

Como é depois da amputação?

Depois do pênis amputado totalmente, em relação ao sistema urinário, a uretra é colocada no períneo – região localizada na parte inferior da pelve. Já a relação sexual não é mais possível com a retirada total do membro.

Em relação à amputação parcial, em alguns casos, é possível fazer a reconstrução da parte retirada, segundo o urologista Fransber Rodrigues.

*G1