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Terça-Feira, 26 de novembro de 2024

Saúde

Como funcionam os testes de dengue e qual o mais indicado; saiba detalhes

Como funcionam os testes de dengue e qual o mais indicado; saiba detalhes

(Imagem: Andre Borges/Agência Brasília)

Com o aumento nos casos de dengue nas primeiras semanas do ano, a procura por testes no Brasil cresce tanto nas farmácias quanto em laboratórios. Há três tipos de exame disponíveis no Brasil para detectar a doença: antígeno NS1, sorologia e RT-PCR. A escolha vai depender do momento da infecção e dos sintomas (veja abaixo um guia completo sobre cada um deles).

Em meio a um surto que preocupa autoridades, o Brasil registrou mais de 364 mil casos prováveis da doença e 40 mortes confirmadas, segundo dados Ministério da Saúde atualizados até terça-feira (6).

O número de exames de dengue realizados na rede privada aumentou 101%, comparando a semana de 31 de dezembro de 2023 a 6 de janeiro de 2024 e a semana de 21 a 27 de janeiro de 2024, de acordo com a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed).

As farmácias também registraram aumento na procura por testes rápidos de dengue: aumento de 650% nas farmácias Raia e Drogasil entre novembro de 2023 e janeiro de 2024; e aumento de mais de 170% de testes realizados em janeiro deste ano se comparado a dezembro do ano passado nas drogarias Pacheco e São Paulo.

Antígeno NS1, sorologia e RT-PCR

 

No Brasil, estão disponíveis três tipos de exames para diagnosticar a dengue: o antígeno NS1, sorologia e RT-PCR.

Carolina dos Santos Lázari, infectologista do Fleury Medicina e Saúde, explica os testes são empregados em momentos diferentes da evolução da doença.

Pesquisa de antígeno NS1

  • Quando é recomendado fazer: nos primeiros dias da infecção (até o 5º dia), quando o vírus está se replicando ativamente no organismo, permitindo um diagnóstico precoce da doença.
  • O que analisa: tem como alvo uma proteína específica do vírus da dengue, a NS1, que está presente nos 4 sorotipos da dengue.
  • Modalidades disponíveis: teste rápido na farmácia ou laboratório/unidade de saúde (via picada no dedo para coletar uma gota de sangue) e laboratorial (via coleta de sangue).
  • Em quanto tempo sai o resultado: no caso do teste rápido, vai depender do local onde o exame foi feito. Em unidades de saúde, farmácias, hospitais de campanha, pode sair entre 15 e 30 minutos. Já em laboratórios, pode levar de uma a duas horas. No caso da coleta de sangue, o prazo varia conforma o laboratório.
 

Sorologia

  • Quando é recomendado fazer: após o 6º dia de sintomas.
  • O que analisa: detecta os anticorpos produzidos pelo sistema imunológico do paciente em resposta à infecção.
  • Modalidades disponíveis: teste rápido na farmácia ou laboratório/unidade de saúde (via picada no dedo para coletar uma gota de sangue) e laboratorial (via coleta de sangue)
  • Resultado: a presença do IgM significa que está ocorrendo o episódio de dengue naquele momento. Já o IgG positivo aponta que a pessoa já teve contato com vírus no passado.
  • Em quanto tempo sai o resultado: no caso do teste rápido, vai depender do local onde o exame foi feito. Em unidades de saúde, farmácias, hospitais de campanha, pode sair entre 15 e 30 minutos. Já em laboratórios, pode levar de uma a duas horas. No caso da coleta de sangue, o prazo varia conforma o laboratório.
 

Teste de RT-PCR

  • Quando é recomendado fazer: deve ser feito nos primeiros dias, cinco a sete dias da doença, segundo Antônio Bandeira, membro diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
  • O que analisa: detecta o material genético do vírus no sangue do paciente. Ele consegue determinar qual dos sorotipos está causando a infecção. Também é capaz de identificar o vírus mesmo em estágios muito iniciais da infecção, em alguns casos antes do surgimento dos sintomas clínicos.
  • Modalidade disponível: apenas em laboratórios e unidades de saúde (via coleta de sangue).
  • Em quanto tempo sai o resultado: o prazo varia conforma o laboratório.
 

 Em 2023, a Anvisa liberou a realização de exames de dengue nas farmácias. A coleta também está disponível em laboratórios, unidades de saúde, hospitais de campanha. Não é necessário ter pedido médico para o exame nem estar em jejum.

Como funciona o teste rápido

 

O teste rápido para dengue é feito por uma metodologia chamada imunocromatografia. O nome é complicado, mas ele é simples. É como se fosse um teste de gravidez.

"Pingamos o sangue total ou o soro (parte líquida do sangue depois da centrifugação) no cartucho e esperamos o tempo recomendado. Daí vai aparecer um ou dois risquinhos. Dois risquinhos apontam o resultado positivo", explica Carolina Lázari.

Para diagnóstico mais precoce, o ideal é fazer o antígeno NS1. A sorologia é indicada a partir do dia 6.

"Os testes rápidos atuais são bastante sensíveis e específicos. Os testes rápidos antígeno NS1 podem ser realizados já nos primeiros dias de sintomas, mas se tornam menos sensíveis a partir do sexto dia.

Já os testes rápidos IgG e IgM podem ser feitos a partir do quinto dia da infecção, que é quando o anticorpo IgM começa a ser produzido. Os anticorpos IgG começam a ser produzidos entre o 7º e 10º dias", explica Helio Magarinos Torres Filho, patologista clínico e diretor do Richet Medicina & Diagnóstico.

ATENÇÃO: não existe autoteste para dengue. O exame precisa ser feito por um profissional da saúde. Além disso, como a dengue é uma doença de notificação compulsória, o local precisa informar o Ministério da Saúde caso o resultado do paciente seja positivo.
 

"Nesse cenário de grande epidemia de dengue, é importante termos o teste rápido para NS1, o teste rápido para IgM/IgG de dengue, assim como também para IgM/IgG para chikungunya e Zika, para fazer o diagnóstico diferencial. Também é importante ter o PCR para dengue disponível", ressalta Antônio Bandeira.

*G1