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Sexta-Feira, 03 de maio de 2024

Saúde

Saída de Bruno Gaga do BBB alerta sobre os perigos da ansiedade; entenda

Saída de Bruno Gaga do BBB alerta sobre os perigos da ansiedade; entenda

(Imagem: Reprodução/TV Globo)

"Cheguei no meu ápice da ansiedade", disse Bruno Gaga ao explicar a decisão de deixar a casa do "BBB 23" na sexta-feira (17). "Não quero mostrar para o Brasil esse Bruno apagado", afirmou o atendente de farmácia.

A atitude de apertar o botão e sair do reality acendeu o alerta para os perigos da ansiedade, um mecanismo de resposta do corpo que é comum, mas dúbio: pode beneficiar ou pode prejudicar. Tudo depende das circunstâncias e da intensidade.

"Todo mundo é capaz de ter ansiedade e vai sentir ansiedade pelo menos uma vez na vida", explica a psicóloga Jhenifer Pardin.

"A ansiedade é um sentimento natural e vem para a nossa rotina com um papel protetor: ela mostra para a gente que alguma coisa vai acontecer e você precisa se preparar", complementa a psicóloga Fernanda Moreira.

Mas a ansiedade é uma faca de dois gumes:

  • Pode estimular a pessoa a ficar alerta em situações que exigem isso (como no trânsito, por exemplo), ser controlada e passageira.
  • Por outro lado, de forma exagerada e fora de controle, pode impedir reações e até paralisar a pessoa.
 

No caso do confinamento, a pressão psicológica, a exposição, as críticas e as incertezas sobre o que está acontecendo fora da casa podem ser gatilhos para crises mais profundas. É quando a ansiedade realmente atinge o ápice e, se não tratada, pode evoluir para transtornos ou doenças.

 

Segundo psicólogas ouvidas pelo g1, "apertar o botão" pode ser visto como algo saudável e bom para a pessoa: um sinal de respeito aos próprios limites frente a situações que não fazem bem, mas também um alerta de que é a hora de buscar ajuda.

Crise é o pico da ansiedade

 

A ansiedade mostra o seu lado ruim ao chegar ao seu ápice: uma crise. Na crise, há uma descarga intensa de vários sentimentos, geralmente estimulados por algo que acontece externamente e que afeta a mente e a forma de agir da pessoa: são os famosos e perigosos gatilhos mentais.

Os sintomas de uma crise de ansiedade variam de pessoa para a pessoa, mas os principais são:

  • Pensamentos acelerados;
  • Choro compulsivo e incontrolável;
  • Dificuldade em falar e/ou respirar;
  • Dor em partes do corpo;
  • Tremores e/ou tonturas;
  • Medo extremo de algum objeto ou situação;
  • Sensação de que algo muito ruim irá acontecer.

"Quando a gente fala em transtorno, fala em um conjunto de sintomas. Você não vai sentir aquela ansiedade mais leve, que você consegue controlar. Vai estar sempre em uma proporção maior", diz a psicóloga Jhenifer Pardin.

 

Crises de ansiedade recorrentes e sem controle podem evoluir para transtornos, como Síndrome do Pânico ou o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), podendo também se transformar em um quadro de depressão.

“A ansiedade pode ser considerada como uma emoção de alarme que se encontra associada a sensações de angústia, tensão e insegurança que, quando são frequentes, intensas e incontroláveis, causam um mal-estar significativo que conduzem a uma patologia”, explica a psicóloga Bruna Galioti.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2019 revelaram que quase 10% da população brasileira (18,6 milhões de pessoas) sofre de ansiedade, colocando o Brasil na triste e preocupante posição de primeiro lugar no ranking dos países mais ansiosos.

O momento de 'apertar o botão'

 

De acordo com as especialistas, a atitude de Bruno pode ser um sinal positivo de autoconhecimento. Esse é um primeiro passo para identificar a ansiedade, os gatilhos que provocam as crises e como isso está afetando a saúde física e mental.

Quando a gente se conhece e sabe nossos limites, a gente reconhece que em tal situação a gente não consegue ir mais. Se não, eu vou estar me colocando em um cenário que não é favorável para mim.
— Jhenifer Pardin, psicóloga

A metáfora de "apertar o botão" é o momento do "preciso procurar ajuda", segundo a psicóloga Fernanda Moreira.

"A pessoa está com todos os sintomas há muito tempo, mas esses sintomas acabam sendo naturalizados. Acha que é consequência da rotina, do trabalho e da vida corrida, não se atenta para os sintomas e não busca tratamento", afirma.

As especialistas reforçam que ansiedade não é fraqueza e que, no caso do BBB, apertar o botão não necessariamente é uma desistência: tem mais a ver com olhar para si mesmo. Ou seja: está tudo bem se, o que antes era a realização de um sonho, se transformou hoje em algo que não está fazendo bem.

"Já vi vários casos de pacientes que sonham muito em entrar em uma empresa ou em uma faculdade e, depois que a pessoa está lá dentro, acha que vai acontecer tudo do jeito que ela sonhou. Mas, conforme os sintomas da ansiedade vão surgindo, a pessoa tem uma dificuldade de perceber que algo que ela sempre quis não está fazendo bem para ela'', conta Fernanda.

Como controlar a ansiedade: a 'técnica do gelo' e outras estratégias

 

Ansiedade tem solução e o quanto antes for tratada, melhor. Em caso de crises constantes e sem controle, o melhor a fazer é buscar ajuda de um profissional de saúde mental, como psicólogo ou psiquiatra. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento de graça nos postos de saúde ou nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).

No meio de uma crise de ansiedade, um das táticas de controle ensinada pela psicóloga Bruna Galioti é a técnica do gelo. Ela consiste em esfregar um cubo de gelo sobre a pele, principalmente na palma da mão ou no pulso.

"Isso ajuda a desviar o foco dos sintomas da crise de ansiedade", afirma a profissional.

Além disso, ela indica outras estratégias que ajudam a fazer com que a ansiedade não assuma o controle:

  • Manter o foco no presente;
  • Controlar a respiração;
  • Se conectar com a natureza;
  • Passe mais tempo com quem você ama;
  • Praticar atividade física.
 

“A psicoterapia ou acompanhamento psicológico pode ajudar numa melhor compreensão do problema e na forma como este é encarado, promovendo ainda a aquisição e o treino de estratégias para minimizar os sintomas que a pessoa apresenta”, diz Bruna.

*G1