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Quinta-Feira, 28 de novembro de 2024

Entretenimento

Drag sertaneja conta como trocou parceria com o irmão por carreira solo

Drag sertaneja conta como trocou parceria com o irmão por carreira solo

(Imagem: Divulgação)

O universo sertanejo nacional perdeu uma dupla e ganhou uma artista solo nos útlimos anosReddy Allor, de 25 anos, abriu mão da carreira de 12 anos com o irmão para se jogar em um mundo completamente novo e inexplorado: o de drag sertaneja. Ela conversou com Quem sobre a carreira e os desafios em uma área tão consolidada.

Se montada, é Reddy, desmontada é conhecida como Guilherme Bernardes. Natural de Olímpia, no interior de São Paulo, sua carreira começou ainda criança ao lado do irmão, Gabriel, em um típica dupla sertaneja. Mas os planos mudaram nos últimos anos quando ele decidiu seguir em carreira solo com sua persona in drag.

Guilherme começou a se montar de uma maneira muito determinada e "intensa", como diz. "Passei a ter uma 'vida dupla' fazendo shows com meu irmão, mas também me apresentando sozinha in drag. Em determinado momento precisei escolher um lado como foco para seguir", comentou.

"Foi uma decisão difícil porque a dupla era o sonho do meu irmão, dos meus pais e de toda a nossa família. Me sentia responsável e culpada por 'romper' todas essas expectativas, principalmente a minha, por ter sido uma escolha sem muita certeza de futuro - e ainda bem que eu tinha futuro", completou.

Mesmo com 12 anos de carreira, Reddy ganhou os olhos do grande público ao vencer o reality Queen Stars Brasil, do Max, que foi apresentado por Pabllo Vittar Luísa Sonza. "Depois do reality, me vi em grandes lugares, percebi que de fato o mercado LGBT+ começou a me enxergar como um potencial de artista", avaliou.

Reddy Allor — Foto: Divulgação
Reddy Allor — Foto: Divulgação

Reddy destaca que mais pessoas conseguiram se identificar com o seu trabalho e também com a sua história. Um ponto forte dela, inclusive, é fugir à rota de mergulhar numa carreira pop montada em drag, como outras artistas, e se manter firme e forte como uma defensora da bota e do chapéu.

"Sertanejo é a minha raiz, foi com ele que eu aprendi a me expressar cantando. Ele diz sobre meus sentimentos mais profundos e também sobre o lugar onde nasci e cresci. Enquanto uma pessoa LGBT+ sinto a necessidade de também me enxergar nesse lugar sem as amarras e preocupações que o gênero carrega em suas bagagens", refletiu.

LGBT+ e o Agro

 

Parte importante do sertanejo no Brasil é o apoio que o ritmo recebe do agronegócio. Goiás, onde o setor produtivo é muito forte, é considerado um grande celeiro de artistas e duplas, mesmo quando seus membros nascem em outros estados. Junto com o apoio vem parte das referências do gênero que fala, quase totalmente, de relações heterossexuais.

Para Reddy, que é uma pessoa LGBT+ e fala diretamente com este público ao se montar em drag para subir ao palco, as dificuldades da carreira ganham novas nuances todos os dias. "É extremamente desafiador e desgastante lutar diretamente contra uma construção tão machista e conservadora".

Reddy Allor — Foto: Andy Santana e Caio Duran / Brazil News
Reddy Allor — Foto: Andy Santana e Caio Duran / Brazil News

Para seguir, ela conta que busca não estar sozinha e mais, não estar sem os seus. Reddy se inspira no crescimento das mulheres no ritmo e, também, fora dos palcos, se cerca de pessoas da sua comunidade. "Minha equipe é formada por várias pessoas LGBT+ que consomem sertanejo", reforçou.

Em muitos shows dessas mulheres, como Maiara e MaraisaAna CastelaSimone MendesPaula FernandesPaula MattosYasmin Santos e Luiza Marins, a grade sempre está repleta de pessoas LGBT+.

"A maioria do público LGBT+ que consome sertanejo me apoia justamente pela identificação que o meu trabalho gera relacionado às vivências no interior, a reaproximação familiar e as pazes com as raízes", avaliou a cantora.

Reddy Allor — Foto: Divulgação/Guilherme Martinez/@guilerbe
Reddy Allor — Foto: Divulgação/Guilherme Martinez/@guilerbe

Carreira e futuro

 

Reddy acabou de lançar o single Cavalo de Troia em parceria com Gabeu, que também é LGBT+ e canta música sertaneja. O clipe da faixa conta com uma estética futurista e chamou a atenção dos fãs. "Na parte criativa, às vezes componho algo que estou sentindo ou então recebo alguma música que me identifico, é muito relativo", falou sobre como planeja sua carreira.

Para o futuro, Reddy quer furar a bolha e se tornar uma artista mainstream. "Ter o meu trabalho consolidado no mercado nacional e, sendo audaciosa, no mundial", ressaltou. "Meu maior objetivo pessoal é dar conforto pra minha família e poder retribuir todos os esforços que meus pais fizeram e fazem até hoje por mim e meus irmãos", desejou.

*gshow